Apesar de nossos corpos serem biologicamente iguais, cada mulher é única (e seu organismo também). Por isso, na hora de adentrar ao mundo dos anticoncepcionais, tenha em mente: a busca pela pílula deve ser baseada no seu perfil e nos objetivos que vão além do método contraceptivo. Muita gente toma pílula anticoncepcional com outras finalidades, como combater acnes, queda de cabelo, excesso de pelos e por aí vai.
Simples ou combinada?
As pílulas se dividem entre simples e combinada. A primeira conta apenas com o hormônio progesterona. Ela age principalmente sobre a camada interna do útero, chamada endométrio, e também no muco cervical. O objetivo é que o espermatozoide não adentre no útero e nem encontre um endométrio receptivo. “Este tipo de pílula quase não tem ação nos ovários e tem a vantagem de ter menos efeitos colaterais a longo prazo”, afirma o ginecologista e obstetra Élvio Floresti Junior.
Segundo Élvio, essa pílula não tem ação sobre vasos sanguíneos, podendo ser usada até mesmo por mulheres com problemas vasculares, com antecedentes de tromboses, diabetes, etc. Todavia, há um inconveniente: ela apresenta mais episódios de escapes (sangramento uterino enquanto está tomando a pílula). E pode também aumentar a oleosidade da pele e a acne facial.
Prazer, meu nome é combinada
Como diz o próprio nome, elas mesclam dois tipos de hormônios – as mais utilizados contêm estrogênio e progesterona, o que vai variar é o tipo desses hormônios. São elas que trazem soluções para muitos problemas. A principal diferença é que ela inibe a ovulação, agindo no endométrio (aquela camada interna do útero, lembra?), o que causa a diminuição da menstruação, praticamente eliminando as cólicas menstruais.
A combinada pode ser usadas com pausa ou de forma contínua. “Como inibem a ovulação e produção hormonal, as pílulas combinadas atuam reduzindo o quadro de endometriose, cistos ovarianos, ovários policísticos e diminui ainda a oleosidade da pele e a acne”, diz. Todavia, seu uso causa efeitos colaterais como dor de cabeça, gastrites, retenção de líquidos, etc. E muitas pessoas não devem chegar perto das combinadas.
“Não podem usar mulheres com antecedentes de tromboembolismo, hipertensão arterial grave, problemas vasculares, diabetes mellitus, tabagista, com mais de quarenta anos, obesidade, antecedentes de câncer ginecológico ou mamário”, reforça Élvio.
O que tem dentro da combinada?
Existem dois tipos de estrogênio que podem variar: o etinilestradiol (sintético) e o valerato de estradiol (natural). “A maioria absoluta das pílulas combinadas são compostas por etinilestradiol”, diz. As quantidades de etinilestradiol variam entre 15 (dosagem ultrabaixa), 20/30 (baixa) e 35 mcg (média). “A preferência será por uma pílula de menor dosagem de estradiol, apesar da maioria das pílulas usar etinilestradiol”, comenta o ginecologista.
As variações das combinadas vêm mesmo nos diferentes tipos de progesteronas. É esse o hormônio que faz a diferença nos efeitos complementares dos anticoncepcionais. As principais grupos que existem são ciproterona, gestodeno, desogestrel, levonorgestrel, drospirenona, entre outros.
Pelos pra que te quero (e outros)
Para diminuir o excesso de pelo, a melhor progesterona é o acetato de ciproterona, que é também o mais antigo. “Comparada com os demais, é o antiandrogênico (hormônio masculino). Mas em compensação só tem combinada com uma dosagem um pouco maior de etinilestradiol (35mcg)”, opina.
Seu efeito antiandrogênico é muito potente − ou seja, há uma forte redução das características masculinas. Por isso é usada para combater a síndrome dos ovários policísticos, que causa justamente os pelos em excesso. “Existem outras pílulas que apesar de menos antiandrogênicas , possuem combinações com doses menores de estradiol e com menos efeitos colaterais”, salienta.
Acne e oleosidade
Combater a acne significa buscar uma pílula com maior poder antigandrogênico. “Nesse sentido, as melhores são a ciproterona e a drospirenona”, afirma. Segundo Élvio, existem vários nomes comerciais, o que muda é apenas o laboratório fabricante. Porém, o ginecologista alerta: “essas contêm uma dosagem maior de estradiol 35 mcg, o que pode causar mais efeitos colaterais”.
Queda de cabelo
Antes de mais nada, não custa lembrar. A queda de cabelos tem diversos fatores que deve ser melhor avaliada com o ginecologista e dermatologista. Mas, segundo Élvo, o hormônio masculino (androgenio) é uma das causas da queda. Portanto, ele é combatido justamente com pílulas de efeito antiandrogênicos.
Queda da libido
Para aumentar a libido, é preciso de hormônios masculinos. A progesterona mais indicada e usada é levonorgestrel, justamente devido a sua ação androgênica. Todavia, vale avisar que também pode aumentar a oleosidade da pele, causar acne e aumentar a quantidade de pelos, ok?
Inchaço
As pílulas com ação diurética são aquelas compostas com gestodeno. Elas ajudam a combater os sintomas leves de inchaço, principalmente pré-menstrual. O porém dela é o efeito androgênico. Mas, como ele é pequeno ocorre um discreto aumento das características masculinas.
Algumas dicas de qual anticoncepcional escolher
Até mesmo os médicos informam que a escolha do anticoncepcional varia de pessoa para pessoa. Algumas se dão muito bem com os mais fortes, não sentem cólicas e nem tem escapes. Outras mulheres reagem com fortes dores de cabeça e enjôos a medicamentos considerados muito bons para o problema e sem reações em outros pacientes. A dica mesmo é ir testando e observar qual se adapta melhor ao seu organismo. Mas para quem busca ajuda na escolha, temos algumas opções.
Cerazette – este medicamento é o indicado pela maior parte dos médicos se você está em fase de desmame, ou seja, não vai amamentar mais e teve filhos há pouco tempo. Também é uma boa dica para quem sofre com cólicas, pois não contem estrogênio, hormônio que causa a vasodilatação.
Elani Ciclo – bem popular, o Elani ciclo é indicado para quem não quer fazer pausa, quer eliminar o sangramento no intervalo entre as cartelas e pode ser usado por quanto tempo quiser, sem intervalos. Outros benefícios desse anticoncepcional é a prevenção do ganho de peso, aumento do volume abdominal e inchaço. Ele também ajuda a regular a produção da oleosidade da pele, eliminando o excesso. Com este efeito, ele acaba ajudando a combater ou reduzir a acne.
Yasmin – também é um medicamento bem popular, um dos mais recomendados por médicos ginecologistas devido à fórmula gerar poucos efeitos colaterais na mulher, trazendo alguns benefícios como melhora da pele. E formulado a base do hormônio drospirenona e etinilestradiol.
Micronor – além de oferecer um ótimo custo benefício, a Micronor tem como princípio ativo o levonorgestrel, que tem como capacidade interferir o mínimo possível no sistema vascular. Isso provoca o melhor fluxo de sangue nas pernas, sem inchaços, e evita varizes. Se você já sofre com os vasinhos indesejados na perna, esta é sua melhor opção e considerada muito boa entre as usuárias porque não tem escapes.
Belara – falta de libido é um problema para algumas mulheres que ingerem anticoncepcional com frequência. Isso porque alguns hormônios ressecam bastante o canal vaginal, e a falta de lubrificação causa uma aversão ao sexo. Anticoncepcionais com base em clormadinona são os mais indicadas para as afetadas com este problema.
Mas vale informar que não há dados médicos comprovados que o anticoncepcional afeta o libido, ou seja, a vontade de fazer sexo. É apenas um problema de lubrificação, que pode tornar também a relação sexual um pouco dolorosa na penetração.
Diane 35 – este é o mais indicado para quem sofre com o problema de ovários policísticos. Isso porque a base do medicamento é de ciproterona, que pode tratar o problema e não agravar. Este medicamento também é indicado para quem tem excesso de espinhas, problemas de controle de oleosidade da pele, escapes e excesso de pelos em diversas partes do corpo. É um anticoncepcional popular, por isso seu custo é de menos de R$ 20 e é ótimo para quem sofre de retenção de líquidos.