É fundamental acompanhar todos os processos de confecção do slime caseiro junto com as crianças. Porém, não é possível garantir que o produto final será inofensivo
Quem tem criança em casa já deve ter ouvido falar da nova sensação da internet, o slime, ou, na tradução literal, a geleca caseira, também conhecida nos anos 90 como amoeba.
Diversos canais no YouTube ensinam diferentes maneiras de produzir a famosa slime, essa brincadeira ficou tão popular que vídeos novos de receitas coloridas da massa grudenta estão, há semanas, entre os mais acessados no Youtube.
Entretanto, por trás da promessa de diversão do estica e puxa se esconde um perigo para os pequenos.
Esse tipo de massinha elástica pode ser feita pelas crianças em casa, utiliza apenas alguns ingrediente de fácil acesso e de custo baixo, mas não está isenta de riscos e já há casos de crianças que foram para o hospital com queimaduras causadas pela preparação caseira de slime, depois de seguirem as indicações dadas em tutoriais do YouTube.
O que se recomenda é para que os pais fiquem atentos, pois algumas receitas na internet podem fazer mal a saúde, provocando inclusive queimaduras, como o caso da filha de Rebekha D’Stephano, que mora em Prestwich (Reino Unido).
Para alertar outros pais ela escreveu uma publicação na sua página de Facebook onde revelou o caso da filha, Deejay Jemmett, de 10 anos.
Sua filha ficou com queimaduras graves depois de seguir uma receita em um canal do YouTube. Em menos de 48 horas sua pele começou a abrir e desenvolveu queimaduras graves. Rebekha levou a filha ao hospital de Wythenshawe, onde foi encaminhada para a unidade de queimaduras para ser observada por um cirurgião plástico.
“É inacreditável! Ela está a lutar para escrever e segurar os talheres. Tem sentido muitas dores e comichão”, revelou D’Stephano, ao jornal Manchester Evening News.
Entenda os riscos.
O perigo maior está nos ingredientes, já que a maioria das receitas de slime inclui bórax (borato de sódio) e água boricada, além da cola branca, que é ingrediente utilizado para criar a “base” dessa massinha.
Bórax
O bórax é a matéria-prima de alguns produtos de limpeza, sabão em pó para máquina de lavar, inseticidas e outros.
Para ter uma ideia do potencial de risco do bórax, a ANVISA o avalia como classe toxicológica II, isto é, altamente tóxico.
O bórax é uma substância alcalina (com pH alto) e tende a danificar a camada de gordura protetora da pele, o que pode causar o surgimento de lesões que parecem feridas vermelhas, que coçam e ardem, e até dermatite de contato, que é uma reação que se assemelha a uma queimadura de pele e causa descamação.
Além disso, o contato com o bórax em quantidades acima do recomendado pode causar problemas como cólicas estomacais, vômitos, diarreia e irritações nos olhos, portanto é melhor não usá-lo para fabricação caseira de slime.
https://www.youtube.com/watch?v=EUhsLdu5wdY&feature=youtu.be
Água boricada
A água boricada, muito utilizada no tratamento de conjuntivite, é uma solução composta de ácido bórico – produto que contém o mesmo elemento presente no bórax, porém por ser diluída em água, seu risco de utilização é menor.
Mas para o pediatra Carlos Augusto Mello da Silva, presidente do Departamento de Toxicologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, o brinquedo não é seguro.
“Em nenhuma hipótese crianças devem mexer com água boricada”, destaca.
A substância, de alta toxicidade, tem que passar longe da mesa de brincadeiras, se manter lacrada e distante do alcance das crianças.
Outros ingredientes usados, como bicarbonato de sódio, espuma de barbear, amaciantes de roupas e detergentes também podem causar algum tipo de problema, já que combinados podem causar irritações em peles sensíveis, principalmente de crianças.
Dessa forma, a maioria dos ingredientes usados no slime caseiro é potencialmente nociva, dependendo da forma de manuseio e de quem o manusear.
Para evitar algum incidente com o material, é preciso ter cuidado com a faixa etária da criança que vai brincar com o slime, além de orientá-la.
Alguns canais no YouTube já mostram outras maneiras de se produzir essa divertida massinha com menos riscos, sem o uso do bórax.
Veja esta receita: Receita de slime seguro ( fonte: AskMi )
Ingredientes:
Cola transparente
Água boricada
Bicarbonato de sódio
Glitter ou corante
alimentício liquido (a gosto)
Modo de preparo:
1 – colocar em um recipiente 4 tubos de cola transparente e glitter ou corante, mexer bem;
2 – em outro recipiente colocar uma colher (sopa) de bicarbonato e 3 colheres (sopa) água boricada e mexer bem, até ficar transparente;
3 – jogue aos poucos a mistura de bicarbonato na cola transparente e mexa bem;
4 – adicione até a massa ficar consistente;
5 – tire do pote e aperte bem. Embora tenha uma segurança maior, as receitas à base de cola branca e bicarbonato, que não contém o boráx, também podem causar problemas, especialmente no manuseio depois de pronto, pelo contato com a pele e em caso de ingestão acidental.
“Não se deve ingerir massinha de qualquer tipo. Esses componentes devem ser usados apenas para uso externo, na pele. Principalmente a chamada água boricada, que é um ácido.
Um componente químico que, na verdade, só pode ser utilizado na pele, para asxepsia, para limpeza de feridas”, explica o professor de química Manuel Neto. Caso a massinha entre em contato com os olhos da criança, a recomendação é de lavar a região com água em abundância.
É fundamental acompanhar todos os processos de confecção do slime caseiro junto com as crianças.
Porém, não é possível garantir que o produto final será inofensivo. Contudo, existem no mercado “gelecas” industrializadas, prontas e com o selo do Inmetro, ou seja, já foram testadas e aprovadas, diminuindo assim os riscos de causar algum tipo de dano à saúde da criança.
Portanto, essas versões já prontas destes produtos são as opções mais seguras