O arsênico é um produto químico e tóxico encontrado naturalmente no solo e nas águas subterrâneas como parte de um composto inorgânico.
Um grande número de vegetais cultivados contém arsênico, mas em quantidade bem reduzida.
Já o arroz…
Cultivado convencionalmente em arrozais inundados, o cereal absorve mais arsênico do que qualquer outro vegetal.
Níveis elevados desse produto químico foram associados a diferentes tipos de câncer e a outros problemas de saúde.
Sabe qual é o pior?
É que bilhões de pessoas consomem arroz diariamente.
O resultado é que o arroz coloca na dieta humano mais arsênico que qualquer outro alimento.
A Agência Americana de Alimentos e medicamentos (FDA) garante que os níveis de arsênico no arroz são incapazes de provocar doenças.
Mas você confia?
A gente não.
Aliás, não só nós, um monte de gente.
E o pior é que parece que o nível de contaminação do arroz brasileiro é maior que o do produzido nos Estados Unidos.
É o que indica um estudo realizado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.
A análise identificou concentrações expressivas da substância arsênico em diversas variedades de arroz comercializados no país, tais como o tipo branco (polido), o arroz integral (sem polimento) e parboilizado (do inglês partial boiled, ou seja, parcialmente fervido).
Nas análises, foram constatados níveis moderadamente elevados, na faixa dos 222 nanogramas (ng) de arsênico por grama de arroz, similares a concentrações encontradas em arroz de países como a China.
“Tal concentração elevada pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como o câncer”, observa o farmacêutico-bioquímico Bruno Lemos Batista, autor do estudo.
Você consome arroz integral?
Aí vai uma péssima notícia: no estudo, o arroz do tipo integral foi um dos que apresentaram maiores concentrações, pois, em geral, o arsênico pode se acumular no farelo.
Mas calma!
Não entre e desespero nem parta para soluções radicais, como eliminar o arroz da dieta.
Existem técnicas que reduzem a concentração dessa substância química no arroz.
A FDA cita vários estudos que indicam que “lavar arroz completamente até que a água esteja clara (4-6 mudanças de água) reduz o teor total de arsênico em até cerca de 25% a 30%”.
Andrew Meharg, cientista de plantas e solos na Universidade Queen’s em Belfast, no Reino Unido, dá outra dica: lave muito bem os grãos de arroz e, depois, cozinhe em uma quantidade abundante de água.
O pesquisador recomenda uma lavagem com 12 mudanças de água, que, segundo análises, é capaz de remover mais de 50% do arsênico.
O pesquisador também experimentou um novo método de cozimento, chamado de percolação: em uma cafeteira comum, coloca-se arroz no filtro,permitindo que água fervente, ou quase fervente, escorra muito lentamente pelo arroz.
A redução do arsênico, por este método, também ficou acima de 50%.
O pesquisador admite que não espera que os consumidores comecem a cozinhar o arroz em cafeteiras.
Mas torce para que os bons resultados da descoberta inspirem os fabricantes a criar novas máquinas de cozinhar arroz copiando o método.
Uma coisa é certa: o método de preparo mais comum, não lavar ou lavar pouco o arroz para depois cozinhá-lo em uma panela, até que absorva todo o líquido, fixa no alimento todo o arsênico contido nele e na água de cozimento.
E, para encerrar, nossa dica é que você alterne o consumo de arroz com o de outros grão, como quinoa, amaranto e aveia.
Dessa forma, além de diminuir a ingestão de arsênico, você enriquecerá sua alimentação com nutrientes existentes nos outros cereais.