Os escorpiões, frequentemente vistos como criaturas temíveis devido ao seu veneno, desempenham um papel vital na ecologia e biodiversidade, contribuindo significativamente para o equilíbrio dos ecossistemas.
Apesar da sua reputação intimidadora, esses aracnídeos são, na verdade, componentes essenciais na manutenção da saúde ambiental.
Uma das principais funções dos escorpiões é o controle de populações de insetos. Como predadores eficientes, eles ajudam a regular a proliferação de pragas que podem ser prejudiciais para as plantações e ecossistemas locais.
Ao se alimentarem de insetos como grilos, baratas e cupins, os escorpiões desempenham um papel importante no equilíbrio natural, evitando que esses insetos se tornem uma ameaça descontrolada.
Além disso, os escorpiões são um elo crucial na cadeia alimentar, servindo como fonte de alimento para diversas espécies, incluindo aves, mamíferos e outros predadores. Sua presença é fundamental para sustentar a diversidade biológica e contribuir para a saúde geral dos ecossistemas.
A capacidade de adaptação dos escorpiões a diferentes ambientes é outra característica notável. Eles são encontrados em uma ampla gama de habitats, desde desertos áridos até florestas tropicais úmidas, desempenhando papéis específicos em cada ecossistema em que habitam.
Portanto, apesar de sua imagem muitas vezes temida, os escorpiões são peças indispensáveis no complexo quebra-cabeça da natureza. Sua existência e atividades benéficas sublinham a importância de compreender e respeitar a diversidade de formas de vida que contribuem para a saúde e o equilíbrio dos ecossistemas ao redor do mundo.
A presença dos escorpiões, longe de ser uma ameaça, é um indicativo da riqueza e do equilíbrio natural que devemos valorizar e proteger.
Você sabia que os escorpiões estão aqui há muito mais tempo do que imaginamos? Sim! Os escorpiões existem há mais de 450 milhões de anos, por isso são bichos resistentes e bem adaptados à natureza. Eles viram o surgimento dos dinossauros, a extinção deles, e ainda o surgimento do homem. Esses animais peçonhentos (que produzem veneno e injetam pelo ferrão), como todo ser vivo, ajudam no equilíbrio ecológico. Além de se alimentar de pequenos insetos – barata é a comida favorita – e outros invertebrados, eles servem também de alimento e fazem parte da cadeia alimentar.
De acordo com o Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal da Saúde da Prefeitura de São Paulo, existem no mundo cerca de 2.200 espécies de escorpiões. Denise Candido, bióloga no Laboratório de Artrópodes do Instituto Butantan, explica que, apesar de todos serem venenosos, cerca de 30 causarão problemas mais sérios ao ser humano. “No Brasil, nós temos cerca de 180, 185 espécies de escorpiões e atualmente são quatro as espécies consideradas perigosas, que podem causar óbito”, afirma.
Por mais que os escorpiões habitem florestas úmidas e também desertos, eles podem viver nas cidades e estão cada vez mais próximos aos homens, podendo ser encontrados geralmente em cemitérios, terrenos baldios, em meio a materiais de construção e entulhos – principalmente no verão, quando o número de casos de acidentes aumenta.
Esses aracnídeos podem viver por muitos anos, dependendo da espécie. O Tityus serrulatus – escorpião amarelo e de tronco mais escuro –, por exemplo, é uma das espécies mais perigosas aqui no Brasil e tem uma média de quatro a cinco anos de vida na natureza. Outra espécie também muito perigosa é a Tityus stigmurus: também amarelo, esse escorpião possui uma faixa preta no dorso e um triângulo escuro próximo dos olhos.
Embora comum no Nordeste, segundo a bióloga, hoje há registro do Tityus stigmurus no estado de São Paulo, no Paraná e em Santa Catarina. Isso acontece porque os escorpiões acabam encontrando condições favoráveis fora de sua zona natural.
Outras espécies do gênero Tityus no Brasil e que são consideradas perigosas: Tityus obscurus da Região Amazônica, que é a maior das espécies e pode medir até nove centímetros; e o pequeno Tityus bahiensis das regiões Sul e Sudeste, que tem de cinco a sete centímetros.
Se engana quem pensa que quanto maior o escorpião, maior o perigo. “As pessoas ainda acham que tamanho é documento e que se o animal é grande, ele vai causar acidente mais grave que um pequeno. Não é a nossa realidade”, analisa Denise. Os escorpiões considerados perigosos medem apenas cinco ou sete centímetros, com exceção do escorpião-preto (Tityus obscurus) da Amazônia, de até nove.
Brilho e reprodução dos escorpiões
Você sabia que alguns escorpiões brilham? Os escorpiões possuem em sua carapaça (superfície do corpo todo) substâncias chamadas mucopolissacarídeos, que têm a propriedade de ser fluorescente sob a luz emitida.
“A função disso é discutida até hoje. Essa fluorescência foi descoberta pelos pesquisadores mais ou menos na década de 40, mas até hoje, apesar de várias teorias, não se tem exatamente qual seria a função disso”, esclarece Denise. “Alguns autores dizem que é para se guiar pela luz da lua, porque ela reflete a luz ultravioleta do sol. Fala-se também que com a fluorescência deles, os escorpiões acabam enxergando um pouco mais o claro ou escuro e assim encontram o caminho para uma toca ou abrigo. Mas nada disso foi comprovado”, complementa.
Além desse fenômeno, há outra peculiaridade que ocorre com duas espécies – serrulatus e stigmurus: fêmeas partenogênicas que não necessitam de macho para acasalamento. Os óvulos se desenvolvem diretamente em embriões por estímulo hormonal. Nascem cerca de 20 filhotes que em dez meses ficam adultos e prontos para reproduzir novamente. É dessa forma que a população aumenta.