O óleo de canola faz bem ou faz mal?
Há muita divergência.
Há os que defendem.
Há os que condenam.
Entre os defensores, não há nomes de grande fama, mas alguns bons textos de sites que parecem ser sérios.
Um deles é o da página “Alimentando a Discussão”, que classifica os textos contra o óleo de canola de “sensacionalistas e alarmistas”.
Para corroborar essa opinião, o “Alimentando a Discussão” começa informando que:
“A canola é na verdade um cultivar específico de colza (Brassica napus), uma planta semelhante à mostarda, especialmente desenvolvido para aproveitamento do óleo de suas sementes. A colza original já era utilizada há muito tempo como óleo combustível, ganhando força durante a revolução industrial. Entretanto, ela apresenta grandes quantidades de ácido erúcico, um composto potencialmente tóxico para a saúde humana (apesar de haver evidência apenas em certos animais, e de certas populações asiáticas o consumirem em suas dietas). Exatamente por isso, foi feito um melhoramento genético a fim de se desenvolver uma variedade com menos de 2% desse ácido em relação ao total de ácidos graxos, para que seu óleo pudesse ser utilizado com segurança para consumo humano. Ou seja, todos os ‘malefícios’ apontados devido a esse composto não se aplicam ao óleo de canola”.
Mais adiante, o autor acrescenta:
“O nome canola realmente é uma palavra inventada (CANadian Oil Low Acid – justamente por ter baixo nível de ácido erúcico), e é um daqueles casos em que uma marca acaba se tornando sinônimo do produto, como 1cotonete ou ‘durex’. A mudança de nome não foi feita apenas para diferenciar da planta original, mas também como uma jogada de marketing, já que o nome da semente em inglês (rapeseed) remete a algo ruim – pois rape significa ‘estupro’. De qualquer forma, é importante lembrar que o Canadá – origem e maior produtor do óleo – é um dos países com legislação mais rigorosa no tocante à saúde e segurança de alimentos. O óleo de canola apresenta comprovadamente altos teores de ômega-3 e ômega-6, e existem inúmeros estudos de seus efeitos nutricionais benéficos. Inclusive, o FDA (órgão regulador dos EUA) aprova várias alegações de saúde relacionadas à canola”.
Entre os críticos do óleo de canola, destacam-se os médicos Lair Ribeiro e Victor Sorrentino.
O texto mais extenso e contrário ao óleo de canola encontramos no site do dr. Victor Sorrentino, médico gaúcho adepto da “medicina preventiva”.
Na verdade, o texto é uma reprodução de um artigo publicado no site da Weston A. Price Foundation.
Suas autoras são Sally Fallon e Mary G. Enig, ambas PhD.
O texto é enorme e tem, no seu final, uma extensa bibliografia.
Ele cita pesquisas que provam as desvantagens do consumo do óleo de canola.
Entre essas pesquisas, o artigo destaca: “Por último, estudos empreendidos nas Divisões de Pesquisa de Saúde e Toxicologia de Ottawa, Canadá, descobriram que ratos criados para terem pressão do sangue elevada e propensos a acidente vascular cerebral têm uma expectativa de vida menor quando são alimentados com o óleo de canola sendo a única fonte de lipídios. Os resultados de um estudo posterior sugeriram que o culpado seria um composto esteroide do óleo, que tornaria a membrana celular mais rígida e contribuindo para o encurtamento da vida dos animais”.
E aí, quem está com a razão?
Fato: o óleo de canola é produzido com plantas transgênicas.
Nos Estados Unidos, é possível se encontrar óleo de canola orgânico, ou seja, que não é transgênico.
Mas não é o caso do Brasil.
E até no Canada, origem da planta, não existe mais canola que não seja transgênica.
Está tudo nas mãos da poderosa Monsanto, que está nos obrigando – com suas nebulosas relações com os governos – a não ter a opção de consumir alimentos não modifificados geneticamente.
Soja, milho, canola…, é tudo transgênico!
Outra questão: o texto do site Alimentando a Discussão disse que o Canadá é um país rigoroso.
Pode até ser, mas no capitalismo o dinheiro está acima de todas as coisa.
Então é preciso considerar um fato não citado por ele: o governo canadense “investiu” a fortuna de 50 milhões de dólares para que agência americana de alimentos e medicamentos, o FDA, liberasse esse óleo nos Estados Unidos.
Outra questão: como bem disse o texto do site que defende o óleo de canola, a tecnologia conseguiu reduzir a toxidade da planta da qual se extrai este óleo.
Mas “reduzir” não é “acabar”.
Ou seja, 2% de toxidade ainda é muito para quem busca uma alimentação saudável.
E essa toxidade, mesmo pequena, é cumulativa.
Simplificando: “um pouquinho tóxico” consumido por vários anos vira “um montão tóxico” que pode causar várias doenças, incluindo o câncer
E tem mais: todos os óleos de cozinha, inclusive o de canola (com exceção dos “prensados a frio” ou “extravirgeen”), são refinados.
Sabe o que isso significa?
Que óleos como o de soja e o de canola passam por um processo em que há branqueamento e desodorização.
Isso também envolve altas temperaturas e/ou o uso de alguns produtos químicos como solventes.
Mesmo ignorando os produtos químicos usados no “refinamento”, não podemos se livrar do fato de que o processo torna o óleo em um produto hidrogenado extremamente prejudicial para a saúde cardiovascular.
Conclusão: leve para sua casa óleos verdadeiramente saudáveis, como o de coco ou o de oliva prensados a frio (extravirgens).