A influenciadora Luana Andrade, de 29 anos, ex-Power Couple Brasil, que morreu na terça-feira (7) após passar por uma cirurgia de lipoaspiração, teve uma embolia pulmonar maciça, segundo o Hospital São Luiz, em São Paulo.
Luana deu entrada no hospital na tarde de segunda-feira (6). Depois de duas horas e meias de cirurgia, ela apresentou uma intercorrência respiratória repentina e teve uma parada cardíaca, sendo reanimada pela equipe. A cirurgia foi interrompida e a paciente, transferida para UTI com quadro de trombose maciça, informou o São Luiz. A influenciadora morreu por volta das 5h30 de terça.
O que é a embolia pulmonar?
Trombose é a formação de um coágulo sanguíneo dentro do sistema circulatório. A embolia ocorre quando um coágulo localizado nos membros inferiores se solta e migra para o pulmão, entupindo os vasos desse órgão.
Esse bloqueio não permite a passagem de sangue do pulmão para o coração, comprometendo a oxigenação do corpo e provocando uma queda na função pulmonar.
De acordo com Fernando Faglioni Ribas, cardiologista e clínico médico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, “esse entupimento repercute tanto no pulmão que teve o vaso entupido, pois fica sem a chegada de sangue, pode sofrer um infarto pulmonar, uma necrose no pulmão, gerando uma redução na oxigenação”, quanto no coração.
Dependendo da magnitude, também vai influenciar [o entupimento] no coração direito, que é quem recebe e quem envia o sangue para o pulmão, porque ele vai ter que mandar uma mesma quantidade de sangue para menos pulmão.
— Fernando Faglioni Ribas, cardiologista e clínico médico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Ele explica que “isso sobrecarrega o órgão, fazendo com que ele possa falhar abruptamente, gerando um choque obstrutivo”.
O cardiologista explica que esses coágulos podem ser grandes ou pequenos.
A embolia pulmonar maciça ocorre com esses coágulos são “suficientemente grandes para trazer uma repercussão para o sistema cardiovascular, ou seja, uma queda de pressão, uma disfunção do coração, secundário a essas obstruções”.
Quais as causas da trombose?
A trombose ocorre quando há a formação de um trombo (coágulo sanguíneo) e pode ocorrer por uma série de fatores, mas normalmente há uma tríade que traz um risco aumentado:
- estase sanguínea (diminuição do fluxo sanguíneo porque a pessoa fica muito tempo parada);
- lesão da parede vascular;
- e pré-disposição (fatores pessoais, genético, por medicação).
“Quando você junta dois ou três desses fatores, você tem uma situação de maior risco para ocorrência no quadro. E aí para ocorrer a embolia basta esse coágulo migrar para a região dos pulmões”, diz o cardiologista.
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Embolia pulmonar e cirurgia: qual a relação?
A cirurgiã plástica Mayara de Castro Nogueira, responsável pelo núcleo de cirurgia corporal da Clínica Facialteam Brasil, explica que todas as cirurgias têm riscos, em maior ou menor escala, de trombose e embolia de “coágulos”.
Os fatores são diversos: tempo de cirurgia, imobilização intra e pós-operatória prolongada, queda de temperatura do corpo durante a cirurgia e fatores individuais.
Na lipoaspiração, especificamente, além desses riscos, ocorre a manipulação de gordura (aspiração, enxertia), e essa gordura manipulada pode penetrar nos vasos sanguíneos e embolizar, o que é um acontecimento raro, mas descrito na literatura médica.
— Mayara de Castro Nogueira, cirurgiã
Fernando Menezes, cardiologista e líder de Cardiologia Regional da Rede Dasa, explica que a incidência de embolia pulmonar por lipoaspiração é estimada em 0,02% a 0,06% dos casos, mas que o número pode ser subestimado, visto que a condição nem sempre é diagnosticada em casos de embolia de menor severidade.
“É muito importante que todo procedimento de lipoaspiração siga as medidas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica para reduzir risco de embolia, que incluem: avaliar fatores risco para trombose (histórico familiar, uso de anticoncepção, tabagismo ativo), avaliar a necessidade de medicamentos anticoagulantes durante e após o procedimento e avaliar a necessidade de meias de elásticas ou compressão. Também é importante informar ao paciente os riscos da embolia pulmonar”, completa Menezes, que é especialista em UTI Cardiológica pelo Incor HCFMUSP.
O que provoca um quadro de embolia pulmonar?
Segundo o Ministério da Saúde, são fatores de risco para a embolia pulmonar:
- Imobilidade prolongada;
- Cirurgias extensas;
- Câncer;
- Traumas;
- Anticoncepcionais com estrógeno;
- Reposição hormonal;
- Gravidez e pós-parto;
- Varizes;
- Obesidade;
- Tabagismo;
- Insuficiência cardíaca;
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
- Covid-19;
- Distúrbios na coagulação do sangue.