Um dos médicos que foi executado em um quiosque no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, teria completado 33 anos no dia seguinte do acontecimento do crime.
Perseu Ribeiro de Almeida estava na cidade ao lado de alguns colegas para participar de um evento internacional de ortopedia, área em que todos atuavam. Perseu nasceu na Bahia e se formou em uma instituição de ensino da região, em meados de 2017.
Ele se especializou em ortopedia e traumatologia e cursou especialização em cirurgia de pé e tornozelo em uma unidade filiada a USP (Universidade de São Paulo) após ter terminado sua graduação.
De acordo com informações fornecidas pela sua família, o médico vivia na região da Bahia e teria viajado até o Rio de Janeiro ao lado do amigo, Daniel Sonnewend Proença, que é paulista.
O profissional da saúde também teria sido baleado e segue internado na unidade de saúde, recebendo acompanhamento. Os médicos estavam hospedados em um estabelecimento próximo ao quiosque em que foram baleados.
Momentos antes do crime ter acontecido, eles chegaram a tirar uma fotografia no quiosque, esbanjando um clima descontraído. Inclusive, Perseu, estava vestindo uma camisa do Bahia.
“Perseu usava a camisa do Bahia no momento do trágico episódio, e foi sócio tricolor entre 2019 e 2021. Havia acabado de completar 33 anos, na terça-feira, enquanto participava de um congresso de ortopedia na cidade”, disse uma nota oficial do Esporte Clube Bahia.
Médico sobrevivente de ataque na Barra teria levado 14 tiros e passou por cirurgia de 10 horas
Único médico do grupo de ortopedistas que sobreviveu ao ataque nesta quinta-feira na Barra da Tijuca, Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, passou por uma cirurgia que durou quase 10 horas no Hospital Municipal Lourenço Jorge. Ele teria levado 14 tiros, sendo dois de raspão, que provocaram 24 perfurações em seu corpo. Sonnewend teve lesões no tórax, intestino, pélvis, mão, pernas e pé. Dois projéteis ficaram alojados em seu corpo e um foi retirado pelos médicos, que vão encaminhar o material para a Polícia Civil, que deve analisar o projétil. Ele continua com uma bala alojada na escápula, próximo ao ombro
Qual o estado de saúde de médico?
O médico está estável, foi transferido para um hospital particular lúcido e respirando sem ajuda de aparelhos. Após ser baleado, ele foi socorrido ao Hospital municipal Lourenço Jorge, que fica a 10 km de onde foi atingido, e foi para a sala de cirurgia 14 minutos após dar entrada na unidade. O tempo de atendimento foi crucial para ele sobreviver ao ataque. A cirurgia teve a participação de 18 profissionais: quatro ortopedistas, quatro anestesistas, quatro cirurgiões gerais, um cirurgião vascular, dois enfermeiros e três técnicos de enfermagem.
O Lourenço Jorge possui uma “sala vermelha” dentro da sala vermelha convencional. O espaço tem equipamentos encontrados em UTIs e que permitem realizar procedimentos de emergência para traumas, em especial, o tratamento de hemorragias – uma das principais causas de morte de baleados que chegam com vida aos hospitais. Por causa da perda de sangue, durante a cirurgia o médico precisou receber transfusão. Uma das lesões mais graves foi no intestino, pois o projétil atingiu uma artéria
Como é o procedimento de emergência?
É urgente que, na chegada do paciente, seja iniciado o ABCDE do trauma — termo que vem das iniciais em inglês de cinco passos para essas situações, como a checagem das vias aéreas e da coluna cervical, o controle de hemorragia e a avaliação do estado neurológico.
Além de buscar estabilizar o paciente e tratar as perfurações, os médicos precisam buscar por lesões em áreas próximas ao local atingido pelo projétil. A dissipação e transformação da energia produzida pelo disparo forma o que se chama de cavidade temporária, que pode causar ferimentos em regiões próximas. Um paciente sobrevivente ao ferimento por arma de fogo também precisa ser monitorado de perto pelo risco de infecções causados por detritos, como pequenos pedaços de roupa e poeira que podem entrar no ferimento no momento que o projétil atinge a pele.
Mortos levaram ao menos cinco tiros
Os médicos executados no Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira, foram baleados, cada um, com cerca de cinco tiros, a maioria no peito. Eles estavam no Quiosque Naná 2, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, quando homens desceram de um carro branco na Av. Lúcio Costa, próxima à orla da praia, e efetuaram os disparos. A ação durou 25 segundos, nenhum pertence foi roubado. A Polícia Civil acredita que o crime pode ser engano, já que uma das vítimas, o ortopedista Perseu, tem aparência semelhante ao do miliciano Taillon, que mora naquela vizinhança.
Bandidos matam três médicos e ferem um quarto em quiosque na Barra da Tijuca
A única vítima que levou tiro acima do pescoço foi Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos. Ele era diretor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Nos vídeos das câmeras de segurança do quiosque, é possível ver que Marcos é o único que morre sentado em uma das cadeiras do local.
O que já se sabe
Um funcionário do quiosque afirmou que os médicos haviam pago a conta e aparentavam estar de saída do local. As câmeras de vigilância marcavam 0h59 desta quinta-feira quando um carro estacionou sobre a faixa de pedestres: com a luz de freio acionada, três homens armados desembarcaram, um por cada porta, e miraram no grupo de ortopedistas: Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos; Perseu Ribeiro de Almeida, de 33; Diego Ralf Bomfim, de 35, e Daniel Sonnewend, de 32 anos.