Saco de Douglas é o nome dado a uma cavidade na parte baixa do abdômen, próxima à região genital. A região também é conhecida ainda como “escavação retouterina”, “bolsa de Douglas” ou “espaço de Douglas”.
A “ruptura de fundo de saco de Douglas com extensão à parede vaginal esquerda” é citada no atestado de óbito como a causa da morte da jovem Livia Gabriele da Silva Matos, de 19 anos. Ela morreu após um encontro com o jogador Dimas Cândido de Oliveira Filho, do sub-20 do Corinthians.
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O que é a região genital?
O fundo de saco de Douglas é um recesso na cavidade abdominal, localizado entre o reto e a vagina nas mulheres e entre a bexiga e o reto nos homens.
A ruptura nesse local pode ocorrer por traumatismo, sendo desencadeada por relações sexuais intensas ou introdução vaginal de objetos contundentes.
Além disso, pode acontecer em pacientes submetidas a procedimentos cirúrgicos na região ou em pessoas em tratamento de câncer que passaram por radioterapia.
Quais são os sintomas?
Os sintomas da ruptura incluem dor abdominal intensa e sangramento vaginal. A hemorragia pode ser grave, levando à necessidade de intervenção médica urgente.
Qual é o tratamento?
O tratamento geralmente envolve a reparação da lesão, podendo ser realizada por via vaginal ou, em casos mais complexos, por meio de uma avaliação laparoscópica da cavidade abdominal.
No caso de Livia Gabriele, o encontro com o jogador resultou em complicações que a levaram à morte. A polícia investiga o caso, que foi registrado como morte súbita, sem causa determinante aparente.
“Na minha opinião, é necessária uma avaliação para melhor identificação da extensão da lesão e até mesmo para sutura”, disse o ginecolista Alexandre Silva e Silva.
Tanto homens quanto mulheres possuem essa cavidade. Nas mulheres, o espaço está localizado entre o útero e o reto. Nos homens, a estrutura fica entre o reto e a bexiga.
A bolsa de Douglas desempenha um papel relevante no diagnóstico e tratamento de problemas ginecológicos e abdominais, como endometriose e acúmulo de líquido na cavidade abdominal por conta de doenças hepáticas.
De acordo com a ginecologista do Hospital Albert Einstein Carolina Fernandes Giacometti, essa área é essencial para a detecção de condições de saúde como:
- Endometriose
- Miomas e tumores pélvicos
- Doença inflamatória pélvica
- Cistos ovarianos
- Líquido na região abdominal
De acordo com o Dicionário Médico da Universidade de Navarra, esta região da anatomia foi descrita pelo anatomista escocês James Douglas, e foi batizada com seu nome.
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Especialistas explicam ruptura
Cassio Riccetto, coordenador da disciplina de urologia feminina da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), explica que essa área normalmente se distende durante da relação sexual, mas a ruptura não é comum.
“A ocorrência de rotura do fundo do saco vaginal é muito rara, mas, quando ocorre, pode haver sangramento vaginal e no interior da cavidade abdominal”, comenta.
A ginecologista Carolina Giacometti afirma que a região é composta por tecidos elásticos e flexíveis, mas que não são naturalmente propensos a rompimentos espontâneos. “Há situações específicas em que o rompimento pode ocorrer e isso geralmente está associado a condições médicas, como, por exemplo, uma cirurgia prévia no local ou eventos traumáticos na área”, analisa.
Helga Marquesini, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês, também pontua que lesões no tecido vaginal podem acontecer por diferentes motivos. “Podem ocorrer no parto, com lacerações mais ou menos extensas; por traumas locais, durante relações sexuais ou na penetração com objetos; por fraturas pélvicas ou acidentes”, explica.
Em casos mais graves, quando o sangramento é volumoso, pode levar a uma condição chamada de choque hemorrágico, na qual há queda abrupta da pressão arterial. Nessas situações, o tratamento é cirúrgico e deve ser realizado imediatamente.