Fábio Cordeiro da Silva, o jogador de futebol de várzea que morreu no último sábado (26), vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), sonhava em ser atleta profissional e chegou a fazer testes em grandes times, como o Palmeiras.
Segundo a família, um dos órgãos que Fábio doou foi o coração. Entre 19 e 26 de agosto, foram realizados 13 transplantes de coração no país, sendo sete no estado de São Paulo, entre eles, o do apresentador Fausto Silva, mas o governo do estado não informou quem foi o doador de Faustão.
De acordo com o irmão dele, Flavio Cordeiro da Silva, faltaram oportunidades para que Fábio fizesse do futebol a carreira. “Ele sonhava [em ser profissional]. Tinha talento, mas, na época, tinha que ter muita sorte para seguir. Era mais difícil, precisava ter dinheiro, empresário”, explicou.
“Era um jogador incrível, jogou em vários clubes da várzea. Até os adversários o respeitavam”, disse o irmão.
Flavio contou que o irmão foi para o futebol amador após não passar em testes de times profissionais, pois jamais abandonaria o esporte, que era sua maior “paixão”. No entanto, a modalidade não era a única praticada por Fábio, que também surfava, fazia capoeira e era um atleta exemplar.
“Não colocava açúcar na boca, as comidas eram bem certinhas, fazia academia. Era puro músculo […]. Tinha uma liderança em campo e fora de campo também”, relembrou.
Legado
Irmão (à esquerda) e primo (à direita) de Fábio (ao centro) falam sobre legado deixado. — Foto: Arquivo Pessoal
Como único irmão do atleta, Flavio disse fazer de tudo para manter a história de Fábio viva. “Era o caçulinha, então tinha um pouco de mim nele também”. Ele disse ter muito orgulho do irmão, que era seu parceiros inclusive na música. Os dois tiveram uma banda de forró.
O professor de educação física André Batista da Silva, de 41 anos, é primo e cresceu com Fábio. “Para mim, ele é o ‘Fabinho’ […]. Ensinei a chutar a bola, bater falta, essas coisas. Era uma relação de primo, mas praticamente de irmão”, enfatizou.
Ele contou que os dois aprenderam a surfar juntos e as boas memórias jamais serão esquecidas, bem como o legado de Fábio. “Menino puro, trabalhador, sereno”, descreveu o primo.
“Nos deixou mas está ajudando outras pessoas, como sempre ajudou”, disse André sobre a doação de órgãos.
Morte
Fábio sofreu o AVC na última quarta-feira (23), enquanto trabalhava como azulejista em um apartamento em Santos. O jogador foi encontrado no dia seguinte, quando a equipe que trabalhava no local chegou e o encontrou consciente, mas com o lado direito do corpo paralisado.
Ele foi socorrido até a Casa de Saúde de Santos, onde foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e passou por uma cirurgia no cérebro. A morte cerebral foi constatada na manhã de sábado (26), e a família optou por doar os órgãos.